Breve História sobre Paço de Arcos
A Freguesia de Paço de Arcos é uma das mais importante do concelho de Oeiras. É uma Vila muito interessante, na qual convivem duas realidades aparentemente opostas: a urbanidade de uma certa classe social abastada alia-se aqui de forma perfeita à classe trabalhadora, que faz da pesca artesanal e do trabalho duro a sua difícil sobrevivência.
Paço de Arcos situa-se a dois quilómetros da sede do concelho e a treze da cidade de Lisboa, na margem direita do rio Tejo. Delimitam-na as freguesias de Oeiras, para ocidente; Porto Salvo, Barcarena e Queijas, para norte; Caxias, para oriente; o oceano Atlântico, para sul. As praias de mar, aliás, foram uns dos principais pontos de atracção turística da povoação.
Podemos começar exactamente por aí. Pela descrição de Paço de Arcos do passado. Diz-nos Silva Teles no “Guia de Portugal”: “Estância balnear hoje apenas frequentada pela classe média de Lisboa, mas que há quarenta anos era a praia de luxo dos arredores da capital. (…) Soberbo panorama para o estuário do Tejo até à torre de Belém, a barra, o Bugio e a costa sul até ao Cabo Espichel. Próximo da praia, pequeno passeio arborizado com campo de ténis e o Casino da terra. Mais para o lado da barra, a Escola de Torpedos Fixos, estabelecida em 1855 no antigo fortim de S. Pedro.”
A freguesia de Paço de Arcos foi criada em 7 de Dezembro de 1926, através do desmembramento do território da freguesia de Nossa Senhora da Purificação de Oeiras. O seu crescimento iniciou-se exactamente
com a construção do Palácio dos Arcos, do qual foi extraído o nome da freguesia. A partir daí – século XV – Paço de Arcos foi-se definindo como pequeno porto fluvial, utilizado sobretudo para actividades piscatórias e de prestação de serviços de transporte de produtos locais ou das redondezas, nomeadamente pedra da região, entre Lisboa e Cascais.
O Palácio dos Arcos, que como anteriormente referimos, é o responsável pelo nome da freguesia, é o seu principal monumento. Pertenceu em tempos antigos aos condes de Alcáçovas. A sua fundação remonta ao século XV, mas já sofreu obras de restauro no século XVIII. Do traçado primitivo, restam os dois torreões, unidos por um corpo central, com varanda assente em três grandes arcos. Refere a tradição, embora não confirmada, que D. Manuel I assistia da varanda deste solar à partida das naus para a Índia.
Outras quintas merecem também uma referência breve, e para quem vier a Paço de Arcos uma visita demorada: Quinta da Terrugem, com um dos palácios mais antigos do concelho de Oeiras: Quinta do Torneiro, construída em inícios do século XVIII e também conhecida como Quinta dos Anjos; Quinta do Relógio ou Palácio Bessone, cujo solar, na estrada marginal Lisboa-Cascais, é marcado por fortes influências da arquitectura italiana (foi seu autor o arquitecto Cinatti); Quinta de S. Miguel dos Arcos, ou Quinta do Barro, com um solar de grandes proporções. E mais, e mais…
O forte de S. Bruno de Caxias é outro dos pontos arquitectónicos de grande interesse em Paço de Arcos. Foi mandado construir por D. João IV em 1647, sendo governador da praça de armas de Cascais o conde de Cantanhede. Localizado na confluência da ribeira de Barcarena com o rio Tejo, está implantado dentro da barra do Tejo, com as sólidas muralhas assentes no areal, o que lhe assegurava uma situação estratégica privilegiada. Destinava-se, tal como outros pequenos fortes então erigidos, a impedir o desembarque de forças atacantes em locais tidos como de grande risco. Note-se que Portugal vinha de um período de sessenta anos em que estivera sob administração espanhola, e a experiência não deveria ser repetida…
Das diversas colectividades existentes nesta freguesia, destaque para o Clube Desportivo de Paço de Arcos, que leva o nome da terra por esse País fora. A sua modalidade mais importante é o hóquei em patins, na qual tem grandes tradições históricas. Merece uma palavra, também, o Grupo Desportivo Unidos Caxienses (fundado em 01/01/1931) que possibilita aos jovens a prática de diversas modalidades.
Em termos económicos, Paço de Arcos é hoje uma freguesia nitidamente urbana, com destaque para o comércio e os serviços. A pesca continua a ser importante, tal como o foi no passado. A exploração de pedreiras, como o atestam os fornos da cal que existem na freguesia, foi também fundamental para os destinos da sua população, em especial a partir do século XIX.